martes, 29 de junio de 2010

No campo adversário...


Assistir o jogo do Brasil aqui no Chile, contra o Chile (!), foi uma experiência nova, algo dura, e registrável. Eu não gosto de futebol, mas sou brasileira e copa é copa: claro que estava torcendo para o Brasil.
Fiquei, por respeito, na minha a cada gol do Brasil, vibrei baixinho! Na minha opinião, o Brasil jogou super bem, foi superior e mereceu (ponto).
O problema foi depois ter que encarar toda Valparaíso porque eu, com o meu peculiar falador aberto, já conheço todo mundo na feira, na farmácia, ou seja, todo mundo em toda parte... aí, claro, as pessoas não se contém e eu me sinto na obrigação de dar uma satisfação sobre o resultado. Eu disse a todo mundo com quem conversei que o Chile jogou bem, mas se deve levar em consideração que se trata de uma equipe muito jovem, garotos ainda, enquanto o time do Brasil é mais antigo nesse história de copa, enfim... na verdade, a intenção é mostrar respeito pelo outro e não querer escarnecer, como seria, evidentemente, se fosse a Argentina, pois eu não sou de ferro!
E por que a Argentina é tão odiada por nós? Porque futebol tem tudo a ver com o nosso orgulho pessoal. Por algum motivo, parece que quem ganha ou perde no futebol não é o time, é a própria pessoa. E como a coisa ganha essa dimensão humana, a Argentina é aquela pessoa arrogante, que é até bonita, mas que fica feia de tanto que se gaba... é uma insuportável, esse é o problema, não tem espírito de solidariedade, é egocêntrica, enfim, seria aquela pessoa com a qual ninguém suporta estar.
Já o Brasil é aquele cara tranquilo, com samba no pé, que gosta de carnaval, é mais simpático e mais humilde.
Acho que nem numa guerra se é tão fanático porque, afinal, a guerra nem sempre é decisão do povo. O futebol, ao contrário, mexe com as entranhas da galera.
Os chilenos com os quais eu convivo são super amáveis, ninguém me tratou com hostilidade, ao contrário, demonstraram respeito e reconhecimento ao Brasil, mas, no fundo, a galera tá triste, tá arrasada e queria ver o adversário (no caso, nós) na lona. O meu amor também, tenta se conter, mas no fundo ele odiou perder, porque, como eu disse, é como se perdesse ele e não os caras que estavam ontem chutando uma bola prum lado e pro outro, lá na África do Sul.
Vi na internet um monte de ofensas de brasileiros que vivem no Chile e acho que esse é um erro gigante: a gente tem que saber perder, mas tem que saber ganhar também, especialmente quando se está no território do outro...
O que é importante nessa história é que nós devemos nos comportar com dignidade e respeito ao próximo, na alegria e na tristeza. Ou seja, no campo adversário, mesmo se eu sou o vencedor, é importante respeitar os sentimentos alheios, inclusive a raiva e decepção, e ser discreto com a sua alegria diante da tristeza dos demais. Acho que isso é ó tal espírito esportivo, também chamado solidariedade.
O torcedor do Chile merece todo o meu respeito porque ama a sua equipe, tanto como nós amamos a nossa e o que eu não quero para mim, também não quero para o outro.

2 comentarios:

  1. Que me dices ahora que não tienes más time a torcer?

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  2. Agora estou livre para estudar! Era uma agonia ter que estudar com jogo do Brasil... rsss...

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